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segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Festa das Dores de Maria Santíssima


Sumário. Ó! Como aprouve a Deus glorificar já nesta terra as dores da Santíssima Virgem! Primeiro deu-lhe assim ocasião para patentear as suas belas virtudes, e especialmente a sua caridade para com Deus e o próximo. Em segundo lugar fê-la merecer o título glorioso de Rainha dos Mártires. Finalmente, foi pelas suas dores que Maria se tornou Mãe de todos os fiéis e Co-redentora do gênero humano. Se nos quisermos mostrar seus dignos filhos, alegremo-nos com a nossa boa Mãe e esforcemo-nos por a imitarmos, carregando com paciência as nossas cruzes. Assim virá também para nós o dia em que seremos glorificados com ela no céu.

I. Consideremos o modo admirável de que o Senhor glorificou já nesta terra à Santíssima Virgem, por se ter associado voluntariamente à Paixão do seu divino Filho. Primeiro, forneceu-lhe assim a ocasião para patentear ao mundo as suas sublimes virtudes, especialmente a sua ardente caridade para com Deus e o próximo. Com efeito, sendo o sofrer pela pessoa amada a prova mais patente do amor, e tendo Maria sofrido mais do que outro qualquer, pelo amor de Jesus Cristo e dos homens, provou igualmente que mais do que nenhum outro amava estes dois objetos tão caros ao seu Coração.

Em segundo lugar, em recompensa pelo martírio indizível que a Virgem sofreu no Coração, comunicou-lhe Deus o título glorioso de Rainha dos Mártires; assim como deu a seu Filho o título de Rei das Dores, em recompensa dos tormentos inexprimíveis sofridos no corpo.

Finalmente, assim como Jesus Cristo se tornou o nosso Redentor, por nos ter remido da escravidão do demônio pelos merecimentos da sua Paixão, também Maria, porque uniu voluntariamente as suas penas com as do Filho, e pelos merecimentos das suas dores, coadjuvou a causa da nossa salvação, tornou-se Co-redentora do gênero humano. É exatamente o que Jesus Cristo declarou do alto da cruz, depositando nas mãos dela, como diz São Bernardo, todo o preço da Redenção, e proclamando-a Mãe de todos os fiéis na pessoa de João:

Mulier, ecce filius tuus (1) — “Mulher, eis aí teu filho”.

Também nós temos a dita de ser filhos desta grande Mãe; e por isso, alegremo-nos com ela pela glorificação das suas dores e sejamos-lhe sempre devotos, reconhecendo-a como criatura mais abrasada em amor e como verdadeira Rainha dos Mártires e Co-redentora do mundo.

II. Sendo esta terra um lugar de merecimentos, é chamada com razão vale de lágrimas; pois que todos somos destinados a sofrer. O merecimento, porém, não consiste somente em sofrermos, mas em sofrermos com paciência e conformidade com a vontade divina. São João viu todos os santos com palmas, símbolo do martírio, nas mãos: Vidi turbam magnam… et palmae in manibus eorum (2). Desta forma insinua que todos os adultos que venham a salvar- se, devem ser mártires, quer pelo sangue, quer pela paciência.

Nós também, como observa São Gregório, podemos, assim como a divina Mãe, ser mártires sem o ferro do algoz, praticando a virtude de paciência. Se, pois, oferecermos a Deus, pela conversão dos pecadores, as penas que forçosamente havemos de sofrer, e se sofrermos essas penas exatamente com a intenção de cooperarmos para esta conversão, então, na palavra de Pedro de Blois, seremos também de alguma sorte co-redentores.

Como fruto desta meditação, abracemos com resignação e pelo amor de Deus todas as tribulações que nos possam vir durante o dia, especialmente as enfermidades, as perseguições, as injúrias, os desprezos. E quando sentirmos o peso das cruzes, olhemos para a Rainha dos Mártires, e pensando na sua glorificação, digamos: Padecemos com Maria para também sermos com Maria glorificados.

Ó Mãe das Dores, proponho imitar as vossas virtudes, e especialmente a vossa paciência; ajudai-me a ser-vos fiel.

“E Vós, o meu Jesus, sede me propício, e concedei-me a graça de experimentar o feliz efeito da vossa Paixão, na qual, como o havia profetizado Simeão, uma espada de dor traspassou a alma tão terna da gloriosa Virgem Maria, vossa Mãe, cujas dores celebramos e honramos” (3).

Referências:
(1) Jo 19, 26.
(2) Ap 7, 9.
(3) Or. festi.


domingo, 14 de setembro de 2025

Festa da Exaltação da Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo

 


Mihi absit gloriari, nisi in cruce Domini nostri Iesu Cristi; per quem mihi mundus crucifixus est, et ego mundo — “De mim esteja longe o gloriar-me, senão na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo; por quem o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo” (Gl 6, 14)

Sumário. Esta terra é um lugar de merecimentos e, portanto, também de sofrimentos. Para nos exortar à paciência, Jesus Cristo levou uma vida de sofrimentos contínuos, e é a exemplo de Jesus que todos os santos abraçaram as tribulações com alegria, de modo que nenhum deles chegou à glória senão por um caminho semeado de espinhos. Que vergonha para nós! Adoramos a santa Cruz, gloriamo-nos de combater sob este estandarte triunfante, de ser herdeiros dos santos, e somos-lhes tão dessemelhantes! Há de ser sempre assim ? Senhor, enviai-me as cruzes que as minhas culpas merecem, mas dai-me também força para carregá-las com paciência.

I. Esta terra é um lugar de merecimentos, e por isso também de sofrimentos. A pátria na qual Deus nos preparou o descanso em gozo eterno, é o paraíso. É pouco o tempo de passar aqui, mas nesse pouco tempo são muitos os sofrimentos a suportar. De ordinário, quando a Providência divina destina alguém a coisas grandes, prova-o também por meio de maiores adversidades. Um dia Jesus Cristo apareceu à Bem-aventurada Batista Varani e disse-lhe que há três benefícios escolhidos que concede às almas, suas prediletas: o primeiro é o de não pecar; o segundo o de praticar boas obras; o terceiro e maior de todos, o de fazê-la sofrer por amor dele.

Mais belas ainda são as palavras que o mesmo Jesus Cristo dirigiu a Santa Teresa: “Minha filha”, disse-lhe, “pensas porventura que o merecimento está em gozar? Não, está em padecer e amar. Crê, pois, minha filha, que aquele que é mais amado de meu Pai, recebe dele maiores sofrimentos; e o pensar que sem sofrimentos ele admite alguém à sua amizade é uma pura ilusão”. Sendo, porém, que a natureza humana por si mesma aborrece tanto os sofrimentos, o Verbo Eterno, diz São Pedro, baixou do céu à terra para nos ensinar a carregar as nossas cruzes com paciência: Cristus passus est pro nobis, vobis relinquens exemplum, ut sequamini vestigia eius (1).

Jesus Cristo quis, portanto, sofrer para nos animar ao sofrimento, e não só no tempo da sua Paixão, mas durante toda a sua vida. Qual foi a vida do Redentor sobre esta terra? Volve-a, diz São Boaventura, e revolve-a quanto quiseres, desde o princípio até o fim e sempre acharás Jesus pregado na cruz: Volve et revolve, et non invenies eum nisi in cruce. Com efeito, todo o tempo, desde o momento em que tomou a natureza humana até o seu último suspiro, foi um sofrimento contínuo. Que vergonha para nós, que nos gloriamos de seguirmos Jesus Cristo e lhe somos tão dessemelhantes! Adoramos a cruz do Senhor, celebramos as suas festas, gloriamo-nos de combater sob este estandarte triunfante, e somos tão ávidos de prazeres! Há de ser sempre assim?

II. Animados pelo exemplo de Jesus Cristo, os santos sempre consideraram as adversidades como um tesouro escondido, estimaram-nas mais do que uma partícula do santo Lenho, sobre o qual o Senhor morreu pela nossa salvação. Quantos jovens nobres, quantas donzelas, mesmo de sangue real, distribuíram entre os pobres todas as suas riquezas, renunciaram às comodidades, às honras e dignidades do mundo, e entraram num mosteiro, para abraçarem a cruz de Jesus Cristo e subirem com ele ao Calvário, por um caminho semeado de espinhos!

O Senhor, porém, que nunca se deixa vencer em generosidade e quis recompensar já nesta terra aquelas almas generosas, tornou-lhes muito suaves os frutos da árvore da cruz, que se regozijavam no meio das tribulações; e talvez nunca um mundano se mostrasse tão ávido de prazeres, como os santos o foram de sofrimentos.

Santa Teresa, não querendo viver sem cruzes, exclamava : Ou sofrer, ou morrer. Santa Maria Madalena de Pazzi, ao pensar que no céu não há mais sofrimento, dizia: Sofrer e não morrer. Quando certo dia Jesus Cristo perguntou a São João da Cruz, qual a recompensa que desejava por tudo o que por amor dele tinha sofrido, respondeu: Senhor, não desejo senão mais sofrimentos, mas sofrimentos acompanhados de humilhações e desprezos: Domine, pati et contemni pro te (2).

Meu irmão, não sejas do número daqueles loucos que se assustam à vista da cruz e fogem dela, porque lhe conhecem somente o exterior. Tu, ao contrário, “prova e vê quão suave é o Senhor” — Gustate et videte, quoniam suavis est Dominus (3). Abraça de boa vontade as tribulações que o Senhor te queira enviar, considera atentamente as vantagens que delas te provêm, e também tu dirás: Vale mais uma hora de sofrimentos suportados com resignação na vontade de Deus do que todos os tesouros da terra. Quando a natureza se revolta contra os sofrimentos, lancemos, para nossa animação, um olhar sobre o Crucifixo e digamos com o Apóstolo:

Compatimur, ut et conglorificemur (4) — “Padecemos com Jesus, para também com ele sermos glorificados”.

Sim, meu Jesus, é o que com o vosso auxílio proponho fazer. Se Vós, posto que inocente, quisestes sofrer tanto por mim, e não entrastes na glória senão pelo caminho dos sofrimentos, como poderia eu, pecador como sou e digno de mil infernos, recusar o sofrimento? Ah, Senhor, enviai-me as cruzes que quiserdes, mas dai-me também força para as carregar com paciência por vosso amor. “E Vós, ó Deus, que no presente dia nos alegrais com a anual solenidade da exaltação da Santa Cruz: concedei-me que, conhecendo na terra este mistério, mereça no céu os prêmios da sua Redenção” (5). Fazei-o pelo amor de Jesus e Maria.

Referências:
(1) 1 Pd 2, 21.
(2) Lect. Brev. Rom.
(3) Sl 33, 9.
(4) Rm 8, 17.
(5) Or. festi.


Fonte: Rumo A Santidade

sábado, 2 de agosto de 2025

S. Afonso Maria de Ligório, bispo e doutor da Igreja, fundador da Congregação do Santíssimo Redentor

“Os filhotes das andorinhas só pensam em gritar para obter proteção e comida das mães. Assim, também nós devemos sempre clamar, pedindo a ajuda de Deus para evitar a morte do pecado e progredir em seu santo amor”.




Quando alguém nasce em uma família nobre, como a dos Liguori, em uma cidade grande como Nápoles, em um século importante como o do Iluminismo e como o primeiro de oito filhos, é destinado, certamente, a algo superior. Assim, como bom augúrio, os pais batizam seu primogênito com o nome de Afonso, que significa valoroso e nobre. E ninguém, mais do que ele, fez jus ao seu nome.
Advogado, com apenas 16 anos

Confiado aos melhores tutores em circulação, Afonso demonstrou, imediatamente, qualidades extraordinárias: aos 12 anos, superou, de modo exímio, os exames de vestibular, diante do filósofo Giambattista Vico, para entrar na Faculdade de Direito; aos 16 anos, já exercia a profissão de advogado, tornando-se rapidamente o melhor da cidade e com uma reputação merecida, por não perder nenhuma causa.

No entanto, o Senhor tinha outros planos para ele, avantajado por nascer em uma família particularmente agraciada. De fato, dos oito filhos, além dele, duas irmãs se tornaram monjas, um beneditino e outro sacerdote diocesano. Com efeito, não era naquele contexto nobiliário, do qual provinha, que Afonso era chamado a viver.

Da lei humana à Lei de Deus

Durante a sua profissão de advocacia, Afonso exercia o que hoje chamamos "voluntariado", sobretudo em um hospital de Nápoles, onde visitava os enfermos. Aos poucos, esta vida o atraía, cada vez mais. Por isso, decidiu deixar as leis humanas para se dedicar ao Senhor. Em 1726, ao ser ordenado sacerdote, dedicou todo o seu ministério ao serviço dos mais pobres, que, no século XVIII, são incontáveis. Suas atividades, como pregador e confessor, eram intensas, entretanto, cultivava seu sonho de partir em missão no Oriente.

Pastor entre os pastores: nascimento da Congregação

Em 1730, durante um período de descanso forçado, entre as montanhas próximas de Amalfi, Afonso conheceu alguns pastores com os quais debateu sobre a gravidade do seu abandono humano, cultural e religioso. Aquela conversa o perturbou tanto, a ponto de chegar à decisão de deixar Nápoles para se retirar para o eremitério beneditino da Vila dos Escravos, perto de Caserta. Ali, fundou a Congregação do Santíssimo Salvador, que, depois, foi aprovada por Bento XIV, em 1749, com o atual nome de Congregação do Santíssimo Redentor. A sua missão consistia em uma pregação marcada pela simplicidade apostólica e na educação dos humildes.

Afonso partiu do modelo “Capelas noturnas”, grupos liderados pelos colaboradores do Santo, tanto leigos como seminaristas, dedicados à evangelização dos jovens que viviam nas ruas. Esta experiência teve um sucesso imediato em Nápoles, a ponto de atingir cerca de 30 mil inscritos para serem educados.
Mais tarde, os sacerdotes Redentoristas contaram também com a adesão das Irmãs Redentoristas, o ramo feminino da Congregação, fundado precisamente em Amalfi.

Bispo de Santa Águeda dos Godos

Afonso gostava muito da arte de ensinar e de fazer pregações, utilizando métodos inovadores, como a música, que ele havia estudado quando era criança. Uma das suas composições, por exemplo, é a famosa "Tu scendi dalle stelle” (“Tu desces das estrelas”), que nunca falta entre os cantos nas celebrações do Natal. Afonso estava muito comprometido também com as questões morais. Entre as muitas obras que escreveu, a mais importante é, certamente, a "Teologia moral", em vários volumes, ainda hoje estudada, na qual enfrenta questões como a virgindade de Maria e a infalibilidade do Papa, muito antes de a Igreja considerá-las dogmas.

Em 1762, com a venerável idade de 66 anos, Afonso Maria de Liguori foi nomeado Bispo de Santa Águeda dos Godos, em Benevento, ao qual, após 15 anos, renunciou por problemas de saúde, que o levaram à morte em 1787. Santo Afonso Maria de Liguori foi canonizado em 1839 e proclamado Doutor da Igreja, por Pio IX, em 1871. Em 1950, Pio XII o proclamou "Padroeiro celestial de todos os confessores e moralistas".

sexta-feira, 6 de junho de 2025

5 orações ao Sagrado Coração de Jesus, compostas por Santo Afonso Maria Ligório



Você sabia que toda primeira sexta-feira do mês é dedicada ao Sagrado Coração de Jesus? Comece seu dia rezando com essas orações de Santo Afonso de Ligório.

comshalom

Santo Afonso ao dirigir suas aspirações e todos os seus esforços humanos para os pecadores, pobres e aqueles que se encontravam mais distantes da Igreja.

Abaixo, trazemos uma oração a Santo Afonso para pedir que renove nossa devoção em honra ao Sagrado Coração de Jesus, e na sequencia, mais quatro orações que Santo Afonso escreveu e que podem nos ajudar a aumentar a nossa devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

Oração a Santo Afonso

Glorioso Santo Afonso, que não somente professastes a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, mas também fostes suscitado por Deus para ser Apóstolo e Doutor dela, alcançai-nos deste Sagrado Coração uma centelha do fogo celeste que Ele veio acender sobre a terra e no qual vivestes abrasado, afim de que, cheios de amor e zelo, mereçamos como vós ser unidos a Ele neste exílio e no céu que é a vida, a felicidade e o único tesouro de nossas almas. Assim seja.

Orações ao Sagrado Coração de Jesus

Não recuse o meu amor

Se outrora Vos desprezei, sabei que hoje sois o meu único amor. Amo-Vos, amo-Vos, amo-Vos e só a Vós quero amar. Ó meu amadíssimo Senhor, não recuseis o amor de um coração que por tanto tempo Vos afligiu. Seja uma glória vossa mostrar aos Anjos um coração todo abrasado em vosso amor, que outrora fugia de Vós e Vos desprezava. – Virgem Santíssima e esperança minha, Maria, ajudai-me; rogai-Lhe que com a sua graça me torne tal qual seu Coração me deseja.

Ajuda e fortalece minha devoção

Ó meu amado Senhor, detesto tudo que Vos desagrada e no futuro só a Vós quero amar e aquilo que Vós amais Ajudai-me e fortalecei-me; dai-me a graça de Vos invocar sempre e de repetir sem cessar: Meu Jesus, dai-me o vosso amor, dai-me o vosso amor. Doce Coração de meu Jesus, fazei que eu vos ame mais e mais. E vós, Maria Santíssima, obtende-me a graça de nunca deixar de vos dizer: Minha Mãe, fazei que eu ame a Jesus Cristo.

Minha vontade unida à vossa

Ó Coração amantíssimo de Jesus, Vós deveis fazer que seja todo vosso o meu pobre coração, que no passado Vos tem sido tão ingrato e pela sua culpa privado do vosso amor. Suplico-Vos que meu coração seja todo amor por Vós, assim como o vosso é todo amor por mim. Fazei com que a minha vontade seja toda unida à vossa, de modo que eu não queira senão o que Vós quereis. A vossa santa vontade seja doravante a regra de todas as minhas ações, de todos os meus pensamentos e de todos os meus desejos.

Que eu vos ame muito

Ó Coração terno e fiel de Jesus, inflamai meu pobre coração, para que se abrase de amor para convosco, como Vós para comigo. Parece que de presente Vos amo, ó meu Jesus, mas amo-Vos muito pouco; dai-me que Vos ame muito e Vos seja fiel até à morte. É esta a graça que Vos peço, bem como a graça de a pedir sempre. Deixai-me morrer antes que venha novamente a trair-Vos.

Referência: LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 173-175.

Fonte: Com Shalom

sábado, 15 de dezembro de 2018

Novena de Natal

Começa hoje a Novena de Natal, convidamos a todos os nossos leitores a rezar conosco nestes dias a Novena composta por Santo Afonso Maria de Ligório. Durante a Novena não teremos o terço ao vivo nas quartas-feiras, em breve disponibilizamos as fotos da novena que será realizada nas casas dos nossos congregados. Disponibilizamos abaixo o link para o livreto da novena de Natal.

https://onedrive.live.com/view.aspx?resid=C66F182E3FF9E7AA!182&cid=c66f182e3ff9e7aa&app=WordPdf


SALVE MARIA AUXILIADORA!!!

sábado, 11 de novembro de 2017

Transmissão da 44° Assembleia Nacional da Congregações Marianas do Brasil

Como acontece todos os anos a Congregação Mariana Nossa Senhora Auxiliadora realizará a Transmissão Ao vivo da 44° Assembleia Nacional das Congregações Marianas do Brasil diretamente de Aparecida-SP. A transmissão pode ser acompanhada pelo nosso canal do Youtube e pelos links abaixo:


                                                                  Missa de Abertura


Primeira Parte




Segunda Parte




terça-feira, 31 de maio de 2016

31 de maio - Refutação e demonstração

    Seja-me permitido recordar, entretanto, ao autor uma distinção que ele mesmo faz. No seu livro acentua também a diferença entre a mediação de justiça, em vista dos méritos, e a mediação da graça, por via de intercessão. E do mesmo modo uma coisa é dizer que Deus não possa, e outra que Deus não queira conceder as suas graças sem a intercessão de Maria. Nós confessamos que Deus é a fonte de todos os bens e o Senhor absoluto de todas as graças. Confessamos também que Maria não é mais que uma pura criatura e que, quando obtém, tudo recebe de Deus gratuitamente. Mais que todas as outras, esta sublime criatura na terra também o honrou e amou, sendo por ele escolhida para Mãe de seu Filho, o Salvador do mundo. Querendo exaltá-la de um modo extraordinário, determinou por isso o Senhor que por suas mãos hajam de passar e sejam concedidas todas as graças e mercês dispensadas às almas remidas. Não é muito razoável e muito conveniente tal suposição? Quem poderá dizer o contrário? Não há duvida, confessamos que Jesus Cristo é o único medianeiro de justiça. porque por seus méritos nos obtém a graça e a salvação. Mas ajuntamos que Maria é medianeira de graças, e como tal pede por nós em nome de Jesus Cristo e tudo nos alcança por merito dele. Assim, pois, à intercessão de Maria devemos, de fato, todas as graças que solicitamos. Nada há nisso de contrario aos sagrados dogmas. Ao invés, o que há é plena conformidade com os sentimentos da Igreja, Nas orações por ela aprovadas nos ensina a recorrer sempre à Maria e a invocá-la como "salvação dos doentes" , refúgio dos pecadores, auxílio dos cristãos, via e esperança nossa" , Nas festas da Santíssima Virgem aplica-lhe no ofício as palavras dos livros da Sabedoria e assim nos dá a entender que nela acharemos toda esperança. "Em mim há toda a esperança da vida e da virtude" (Eclo 24,25) Em suma acharemos em Maria a vida e a nossa salvaçaõ. "Quem me acha, achará a vida e haurirá do Senhor a Salvação" (Pr 8,35) Lemos numa outra passagem: "Os que operam por mim não pecarão; aqueles que me esclarecem terão a vida eterna"(Eclo 24,30). Tudo está nos mostrando quão necessária é a intercessão de Maria.
    Nessa convicção confirmaram-me muitos teólogos e Santos Padres. Injustiça fora afirmar que eles, como diz o sobredito autor, exaltando Maria, tenham caído em hiperboles e exagerações desmedidas. Tanto uma como outra saem dos limites do verdadeiro. Não podemos, pois atribuí-las aos santos que falaram inspirados por Deus, que é espírito de verdade.
   Permitam-me fazer aqui uma breve digressão, para externar o que sinto. Quando uma sentença de qualquer modo honrosa para a Santíssima Virgem tem algum fundamento e não repugna à verdade, deixar de adotá-la e combatê-la, porque a sentença contrária pode também ser verdadeira, é indicio de pouca devoção á Mãe de Deus. Não quero estar, nem  meus leitores entre esses poucos devotos de Maria. Desejo pelo contrário vê-los entre os que creem plena e firmemente tudo quanto sem erro podem crer das grandezas de Maria, segundo as palavras do abade Roberto, que conta semelhante fé entre um dos obséquios mais agradáveis a Maria. Quando não houvesse outro a nos livrar do temor de ser excessivo nos louvores de Maria, bastava o Pseudo-Agostinho para fazê-lo. Conforme suas palavras, tudo quanto pudermos dizer em louvor a Maria é pouco em relação ao que merece por sua dignidade de Mãe de Deus. Confirmai isto a Santa Igreja, a qual faz ler na Missa da Santíssima Virgem as seguintes palavras: Bem-aventurada és Tu, Santa Virgem Maria, e mui digna de todo louvor.
    Voltemos, pois, ao nosso assunto e vejamos o que dizem os santos Padres sobre a sentença proposta. Segundo S.Bernardo, Deus encheu Maria com todas as graças para que por seu intermédio recebam os homens todos os bens que lhes são concedidos. Faz aqui o Santo uma profunda reflexão acrescentando: Antes do nascimento da Santíssima Virgem, não existia para todos essa torrente de graças, porque não havia ainda esse desejado aqueduto: Maria foi dada ao mundo - continua ele- a fim de que por se intermédio, como por m canal, até nós corresse sem cessar a torrente das graças divinas.
    Que lhe arrebentassem os aquedutos, foi ordem dada por Holofenes para tomar a cidade de Betúlia (Jt 7,6) . Assim o demônio também envida todos os esforços para acabar com a devoção à Mãe de Deus nas almas. Pois, cortado esse canal de graças, mui fácil se lhe torna a conquista. Consideremos, portanto, continua S.Bernardo, com que afeto a devoção quer o Senhor que honremos esta nossa Rainha. Consideremos o quanto deseja que a ela sempre recorramos e em sua proteção confiemos. Pois em suas mãos depositou a plenitude de todos os bens, para nos tornar cientes de que toda esperança, toda graça, toda salvação, a nós chegam pelas mãos dela. A mesma coisa declara S.Antonio. Todas as misericórdias dispensadas aos homens lhe tem vendo por meio de Maria.
    É por isso Maria comparada à lua. Colocada entre o sol e a terra, a lua dá a esta o que recebe daquele, diz S.Boaventura; do mesmo modo recebe Maria os celestes influxos da graça para no-los transmitir aqui na terra.
    Pelo mesmo motivo chama-lhe a Igreja "Porta do céu". Como todo indulto do rei passa pela porta de seu palácio, observa S.Bernardo, assim também graça nenhuma desce do céu à terra sem passar pelas mãos de Maria. Ajunta S.Boaventura que Maria é chamada porta do céu porque ninguém pode entrar no céu senão pela porta, que é Maria.
    Nesse sentimento confirma-nos S.Jerônimo ( Isto é, um antido autor com esse nome) no sermão da Assunção, que vem inserido nas suas obras. Nele lemos que em Jesus Cristo reside a plenitude da Graça, como na cabeça, de onde se transfunde para nós, que somos seus membros, o vivificador espírito dos auxílios divinos necessários à nossa salvação. Em Maria reside a mesma plenitude como no pescoço, pelo qual passa esse espírito para comunicar-se ao resto do corpo. Com cores mais vivas dá S.Bernardino o mesmo pensamento: Por meio de Maria Transmitem-se aos fiéis, que são o corpo mistico de Cristo, todas as graças da vida espiritual emanadas de Jesus Cristo, que lhe é cabeça. E com as seguintes palavras procura confirmar isto. Tendo-se Deus dignado habitar no ventre desta Virgem Santíssima, adquiriu ela uma certa jurisdição sobre todas as graças; porque, saindo Jesus Cristo do seu ventre sacrossanto, dele saíram juntamente como de um oceano celeste todos os rios das divinas dádivas. Escrevendo com maior clareza ainda, diz o Santo: A partir do momento que esta Virgem Mãe concebeu em seu ventre o Verbo Divino, adquiriu, por assim dizer, um direito especial sobre todos os dons que nos provem do Espírito Santo, de tal modo que  criatura alguma recebe graças de Deus, senão por mãos de Maria. À encarnação do Verbo e a sua Mãe Santíssima refere-se a passagem de Jeremias (31,22) "Uma mulher circundará um homem". Certo autor explica exatamente no mesmo sentido estas palavras: Nenhuma linha pode sair do centro de um circulo sem passar primeiro pela circunferência. Assim de Jesus, que é o centro, graça alguma chega até nós sem antes passar por Maria, que o encerra, desde que o recebeu em seu puríssimo seio. Por este motivo, segundo S.Bernardino, todos os dons, todas as virtudes e as graças também todas, são dispensadas pelas mãos de Maria, a quem, quando e como ela quer. Assevera igualmente Ricardo de S.Lourenço ser vontade de Deus  que todo bem que faz às suas criaturas lhes venha pelas mãos de Maria. O venerável abade de Celes exorta por isso todos à invocação dessa tesoureira da graça, como denomina, porque só por intermédio dela os homens hão de receber todo o bem que podem esperar. De onde claramente se vê que os citados santos e autores, afirmando nos virem todas as graças por meio de Maria, não o quiseram dizer só no sentido como o entende o sobredito autor. Para ele, tudo apenas significa que de Maria temos recebido Jesus, que é a fonte de todos os bens. Não; os santos também afirmam que Deus, depois de nos ter dado Jesus Cristo, quer que, pelas mãos de Maria e por sua intercessão, sejam dispensadas todas as graças que em vista dos méritos de Jesus Cristo se tem concedido, se concedam e se hão de conceder aos homens até ao fim do mundo.
    Daqui conclui o Padre Suárez que é hoje sentimento universal da Igreja que a intercessão de Maria não somente nos é util, mas também necessária. Necessária como dissemos, não de necessidade absoluta, porque tal nos é somente a mediação de Jesus Cristo. Mas necessária moralmente, porque entende a Igreja, como pensa S.bernardo, que Deus tem determinado dispensar-nos suas graças só pelas mãos de Maria. E primeiro que S.Bernardo, assim afirmou S.Ildefonso, dizendo á Santíssima Virgem: ó Maria, o Senhor determinou entregar nas vossas mãos todos os bens que aos homens quer dar, e por isso vos confiou riquezas e tesouros de sua graça. Por esta razão exigiu Deus o consentimento de Maria para se fazer homem. Em primeiro lugar para que ficássemos todos suavemente obrigados à Virgem, e depois para que entendêssemos que ao arbítrio dela está entregue a salvação de todos os homens.
    Lê-se no profeta Isaías (11,1) que da raiz de Jessé sairia uma haste, isto é, Maria, e dela, uma flor, isto é , O Verbo Encarnado. Sobre esta passagem tece Conrado de Saxônia este belo comentário: "Todo aquele que deseja obter a graça do Espírito Santo, busque em sua haste, isto é Jesus em Maria. Pois pela haste encontraremos a flor e pela flor chagaremos a Deus. - Se queres possuir a flor, procura com orações inclinar a teu favor a vara da flor e alcançá-las-ás . De outro lado nota-te as palavras do seráfico S.Boaventura, comentando o trecho "Eles encontraram a criança com Maria, sua Mãe". Ninguém, dia ele, achará jamais a Jesus senão com Maria e por meio de Maria. E conclui que em vão procura Jesus quem não procura achá-lo com sua Mãe. Dizia por isso S.Ildefonso: Quero ser servo do Filho;mas como ninguém pode servir ao Filho sem servir também a Mãe esforço-me, por conseguinte, em servir a Maria.

Santo Afonso Maria de Ligório

domingo, 29 de maio de 2016

30 de maio - Objeções contra a necessidade da intercessão de Maria

    Esta proposição sobre a universal mediação de Maria, quanto aos bens que de Deus recebemos, não agrada muito a certo autor moderno. Embora fale, aliás com muita piedade e erudição, da verdadeira e da falsa devoção à Mãe de Deus, mostra-se muito avaro em lhe conceder esta glória. Em dar-lha não tiveram,
entretanto, escrúpulo um S.Germano, um Santo Anselmo, um S.João
Damasceno, um S.Boaventura, um S.Bernardino de Sena, o venerável abade de Celes e tantos outros doutores. Nenhum deles encontrou dificuldade na aceitação da doutrina de ser a mediação de Maria, pelos motivos já expostos, não só útil como também necessária à nossa salvação.
    Diz o citado autor que uma tal proposição , isto é, de não conceder o Senhor graça alguma senão por meio de Maria, é hiperbole, é uma exageração que escapou ao fervor de alguns santos. Falando-se com exatidão, quer a sentença apenas significar que de Maria recebemos Jesus Cristo, por cujos méritos obtemos todas as graças. Do contrário, acrescenta, ele, seria um erro acreditar que Deus não possa distribuir-nos suas graças sem a intercessão de Maria. Pois diz o Apóstolo que "reconhecemos um único Deus e um único medianeiro entre Deus e os Homens, Jesus Cristo".

Santo Afonso Maria de Ligório

sábado, 28 de maio de 2016

29 de maio - Em que sentido nos é necessária a intercessão de Maria

    Que o recorrer pois, à Intercessão de Maria Santíssima seja coisa utilíssima e santa, só podem duvidar os que são faltos de fé. O que, porém temos em vista é que esta intercessão é também necessária à nossa salvação. Necessária, sim, não absoluta, mas moralmente falando, como deve ser. A origem desta necessidade está na própria vontade de Deus, o qual pelas mãos de Maria quer que passem todas as graças que nos dispensa. Tal é a doutrina de S.Bernardino, doutrina atualmente comum a todos os teólogos e doutores, conforme o assevera o autor do Reino de Maria.
    Seguem esta doutrina Vega, mendoza, Pacciuchelli, Ségneri, Poiré, Crasset e inúmeros outros autores. Até Alexandre Natal, aliás, tão reservado em suas proposições, diz ser vontade de Deus que pela intercessão de Maria esperemos todas as graças. Em seu apoio cita a célebre passagem de S.Bernardo: Esta é a vontade de Deus, que recebamos tudo por meio de Maria. Da mesma opinião é também Contenson, como se vê do seu comentário às palavras de Jesus, dirigidas a S.João, do alto da cruz. Assim faz ele dizer ao Salvador: Ninguém terá parte  no meu sangue, senão pela intercessão de Maria. Minhas chagas são fontes de graças, mas só por meio de Maria correrão até aos homens. Tanto por mim serás amado, João, meu discípulo, quanto amares minha Mãe.

Santo Afonso Maria de Ligório

28 de maio- É muito salutar a intercessão dos santos

    É a invocação dos santos, particularmente a de Maria, Rainha de todos os Santos, uma prática não só lícita senão útil e santa. Pois procuramos por meio dela obter a graça divina. Esta verdade é de fé, estabelecida pelos Concílios contra os hereges que a condenam como injúria feita a Jesus Cristo, nosso único medianeiro. Mas, se depois da morte, um Jeremias reza por Jerusalém, se os anciãos do Apocalipse apresentam a Deus as orações dos santos; se um S.Paulo promete a seus discípulos lembrar-se deles depois da morte, se S.Estevão intercede por seus perseguidores e um S.Paulo por seus companheiros; se, em suma, podem os santos rogar por nós, por que não poderíamos nós por nossa vez, rogar-lhes que intercedam por nós? Às orações de seus discípulos recomenda-se S.Paulo: "Irmãos, rezai por nós (1Ts 5,25) S.Tiago exorta-nos "que roguemos uns pelos outros" (5,16). Podemos, por conseguinte, fazer o mesmo.
    Que seja Jesus Cristo único Mediador de justiça a reconciliar-nos com Deus, pelos seus merecimentos, quem o nega? Não obstante isso, compraz-se Deus em conceder-nos suas graças pela intercessão dos santos e especialmente de Maria, sua Mãe, a quem tanto deseja Jesus ver amada e honrada.
    Seria impiedade negar semelhante verdade. Quem ignora que a h
onra prestada às Mães redunda em glória para os filhos? Os pais são as glórias dos filhos, lemos nos provérbios (17,6). Quem muito enaltece a mãe, não precisa ter receio de obscurecer a glória do Filho. Pois quando se honra a Mãe, tanto mais se louva o Filho, diz S.Bernardo. E observa S.Ildefonso: É tributada ao Filho e ao Rei toda a honra que se presta à Mãe e à Rainha. Ao mesmo tempo está fora de dúvida que pelos merecimentos de Jesus Cristo foi concedida a Maria a grande autoridade de ser medianeira de nossa salvação, não de justiça, mas de graça e de intercessão, como bem lhe chamou Conrado de Saxônia com o título de "fidelíssima medianeira de nossa salvação", E S.Lourenço Justiniano pergunta: Como não ser toda cheia de graça, aquela que se tornou a escada do paraíso, a porta do céu e a verdadeira medianeira entre Deus e os Homens?
     Portanto, adverte Suarez ? Quando suplicamos á Santíssima Virgem nos obtenha as graças, não é que desconfiamos da misericórdia divina, mas é muito antes porque desconfiamos da nossa própria indignidade. Recomendamo-nos, por isso, a Maria, para que supra com sua dignidade a nossa miséria.

Santo Afonso Maria de Ligório

quinta-feira, 26 de maio de 2016

27 de maio - O demônio tem medo até do nome da Mãe de Deus

    Oh! como tremem os demônios, afirma S.Bernardo, só com ouvir pronunciar o nome de Maria! Os homens são atirados ao chão, se ao lado lhes caiu algum raio. Assim também, diz Tomás de Kempis, são abatidos os demônios, logo que ouvem o nome de Maria. Quão assinaladas vitórias sobre estes inimigos têm já alcançado os servos de Maria, só com  proferirem o seu santo nome! Assim os venceram S.Antonio de Pádua, o bem-aventurado Henrique Suso e tantos outros que amavam a Mãe de Deus. Lê-se nos relatórios das missões do Japão o seguinte fato: Certo dia apareceram a um cristão muitos demônios sob a forma de animais ferozes, que com ameaças o assustavam. Ele, porém, lhes disse: Armas com que vos possa amedrontar eu não tenho. Se o Altíssimo vo-lo permite, de mim fazei o que vos aprouver. Contudo invoco em minha defesa os dulcíssimos nomes de Jesus e de Maria. Mal pronunciara os tão terríveis nomes para os demônios, abriu-se a terra e sorveu aqueles espíritos soberbos. Eádmero assegura, de própria experiência, ter visto e ouvido muitas pessoas que, pronunciando o nome de Maria, foram salvas de grande perigo.
    Glorioso e admirável é vosso nome, ó Maria, lemos em Boaventura. Quem na hora da morte o invoca, do inferno nada tem a temer. Pois, mal ouvem os demônios o nome de Maria, deixam em paz a alma. E Conrado de Saxônia acrescenta: No mundo não há inimigo que tanto tema um grande exército, como temem o nome e o patrocínio de Maria as potestades infernais. Ó Senhora minha, exclama S.Germano, só pela invocação do vosso nome segurais os vossos servos de todos os assaltos do inimigo.
    Se os cristãos nas tentações tivessem cuidado de proferir com devoção e confiança o nome de Maria, é certo que não cairiam nelas. Pois, como diz o Beato Alano, foge do demônio e treme o inferno ao som deste nome excelso. A mesma Senhora revelou a S.Brígida que até dos pecadores mais perdidos, mais afastados de Deus, e mais possuídos do demônio, se aparta este inimigo, logo quando sente que eles, com verdadeira vontade de emenda, invocam o seu poderosíssimo nome. Mas, acrescentou a Santíssima Virgem, se a alma não se emenda e não apaga seus pecados nas lágrimas do arrependimento, os demônios sem demora voltam e dela tomam conta.

Santo Afonso Maria de Ligório

quarta-feira, 25 de maio de 2016

26 de maio- O demônio tem medo da Mãe de Deus

    Não só do céu e dos santos é Maria Santíssima Rainha, senão também do inferno e dos demônios, porque os venceu valorosamente com suas virtudes. Já desde o princípio do mundo tinha Deus predito à serpente infernal a vitória e o império que sobre ela obteria nossa Rainha; "Eu porei inimizade entre ti e a mulher; ela te esmagará a cabeça" (Gn 3,16). Mas que foi esta mulher, sua inimiga senão Maria, que com a sua profunda humildade e santa virtude sempre venceu e abateu as forças de Satanás, como atesta S.Cipriano? É para se notar que Deus falou "eu porei" e não "eu ponho" inimizade entre ti e a mulher. Isto faz para mostrar que a sua vencedora não era Eva, que já então vivia, mas uma sua descendente. Esta devia trazer os nossos primeiros pais, como diz S.Vicente Ferrer, um bem maior do que aquele que tinha perdido com o seu pecado. Maria é portanto, essa excelsa mulher forte que venceu o demônio e, em lhe abatendo a soberba, lhe esmagou a cabeça conforme as palavras do Senhor. Ela te esmagará a cabeça. Duvidam alguns se estas palavras se referem a Maria ou a Jesus Cristo, porque os setenta traduzem autós , isto é, Ele esmagará a tua cabeça, mas em nossa Vulgata lê-se ipsa, ela , e não ele. Assim também o entenderam S.Ambrósio, S.Jerônimo, S.Agostinho e muitíssimos outros. Mas, como quiserem, é certo que, ou o Filho por meio da Mãe, ou a Mãe por virtude do Filho, venceu Lúcifer. Este espírito soberbo foi, portanto, para sua vergonha, calcado aos pés por esta Virgem bendita, na frase de S.Bernardo, e como prisioneiro de guerra é obrigado a obedecer sempre às ordens desta Rainha. Diz S.Bruno de Segni que Eva, vencida pela serpente, nos trouxe a mortee as trevas. Maria, porém, vencendo o demônio, nos trouxe a vida e a luz. E de tal modo o atou, que ele não pode mais se mover para causar o menor dano aos seus devotos.
    É bela a explicação que dá Ricardo de S.Lourenço ao trecho dos Provérbios: "O coração do homem (isto é, de Cristo) põe nela a sua confiança e ele não necessitará de despojos" (31,11), pois Maria enriquece seu filho com os despojos que arranca ao demônio. Deus confiou a Maria o Coração de Jesus para que ela o faça amar pelos homens, comenta Cornélio a Lápide, e assim não lhe faltarão despojos, isto é, almas conquistadas. Porque Maria o enriquece de almas, das quais despoja o inferno, livrando-as do demônio com o seu poderoso socorro.
    È a palma um conhecido símbolo de vitória. Por isso foi nossa Rainha colocada num alto trono, à vista de todos os potentados celestes, como palma em sinal de segura vitória, que a si mesmos podem prometer-se todos aqueles que se põem debaixo do seu patrocínio. "Eu lancei em alto os meus ramos como a palmeira em cades" (Eclo 24,18), isto é, acrescenta S.Alberto Magno, eu estendo minha mão sobre vós para vos proteger. Filhos, parece Maria nos dizer, quando o demônio vos assaltar, recorrei a mim, olhai para mim e tende ânimo, porque em mim, que vos defendo, vereis juntamente a vossa vitória. Por isso o recorrer a Maria é um meio seguríssimo para vencer todos os assaltos do inferno. Ela é também Rainha do inferno e senhora dos demônios, pois que os subjulga e doma, diz S.Bernardino de Sena. Daí vem ser Maria chamada "terrível como um exército em ordem de batalha" (Ct 6,3). Pois sabe ordenar bem o seu poder, a sua misericórdia e os seus rogos para a confusão dos inimigos e benefícios dos seus servos, que nas tentações invocam o seu poderosíssimo nome.
    "Semelhante à vinha dei frutos de suave dor" - fá-la dizer o Espírito Santo (Eclo 24,23) Aqui observa S.Bernardo: Dizem que toda serpente venenosa foge das vinhas em flor, assim fogem os demônios das almas afortunadas em que sentem o perfuma da devoção de Maria. Ela é comparada também ao cedro: Crescendo me elevei como o cedro do Líbano (Eclo 24,17) . À semelhança do cedro que é incorruptível, ficou também Maria isenta do pecado. E como cedro afugenta com seu odor as serpentes, observa o Cardeal Hugo, com sua santidade Maria afugenta os demônios.
    Por meio da arca os israelitas obtinham suas vitórias nos combates. Graças a ela triunfaram de seus inimigos (Nm 10,35) Assim foi tomada Jericó, assim foram desbaratados os filisteus, porque a arca de Deus estava naquele dia com os filhos de Israel (1rs 14,18). Ora, como se sabe, era a arca figura de Maria. Assim como na arca estava o maná, observa Cornélio a Lápide, no seio de Maria estava Jesus, de quem o maná foi figura. Por meio desta arca concede-nos ele a vitória sobre o mundo e o inferno. Isto motiva as palavras de S.Bernardino de Sena: Quando Maria, arca do Novo Testamento, foi exaltada nos céus como Rainha, ficou abatido o poder do demônio sobre o homem.
    Oh! quanto tremem de Maria e de seu grande nome os demônios do inferno! observa Conrado de Saxônia. Ele os compara àquele inimigo de que fala Job: Arromba nas trevas as casas ...; se de súbito aparece a aurora, crê que é a sombra da morte (24,16,17) Aproveitando as trevas, vão os ladrões roubar as casas, mas quando surge a aurora, fogem como se lhes aparecesse a imagem da morte. Assim também, continua Conrado, penetram os demônios na alma, quando a obscurece a ignorância. Mas, no momento em que surge a aurora, isto é, a graça e a misericórdia de Maria, dissipam-se as trevas e dela fogem os inimigos infernais, como diante da morte. Bem-aventurado, pois, aquele que nos assaltos do inferno invoca sempre o belo nome de Maria!
    Para confirmar o que dizemos, sirva uma revelação feita a S.Brígida. Deus concedeu a Maria um poder muito grande sobre todos os demônios. Sempre que eles atacam algum devoto da Virgem, e este a invoca em seu auxílio, basta um aceno de Maria para que fujam aterrorizados. Preferem até ver redobrados os seus suplícios a sentirem-se dominados pelo poder de Maria.

    O celeste Esposo louvou esta sua esposa e chamou-lhe lírio dizendo: Como lírio entre espinhos, assim é minha amiga entre as virgens (Ct 2,2) Como o lírio é um antídoto contra as serpentes e os venenos, reflete Cornélio e Lápide, assim e a invocação do nome de Maria, singular remédio para vencer todas as tentações, especialmente contra a pureza, como o ensina a experiência.
    Cosmas de Jerusalém assim se dirige a Maria: Ò Mãe de Deus, se confiar em vós, não sereis certamente vencido; pois, defendido por vós, perseguirei meus inimigos; triunfarei com certeza, opondo-lhes como escudo a vossa proteção e o vosso onipotente patrocínio. Entre os padres Gregos  escreve Jacob, monge: Senhor, vós nos destes esta Mãe poderosíssima arma com a qual vencemos seguramente todos os nossos inimigos.
    Lemos no Antigo testamento que o Senhor guiava o seu povo na saída do Egito, de dia por meio de uma coluna de nuvem, e á noite por uma coluna de fogo (êx 13,21) Esta maravilhosa coluna, ora de nuvem ora de fogo, era no dizer de Ricardo de S.Lourenço, figura de Maria e dos dois ofícios que exerce continuamente para nosso bem.
    Como nuvem protege-nos dos ardores da divina justiça; com fogo defende-nos contra os demônios. Assim como a cera se derrete ao calor do fogo, acrescenta Conrado de Saxônia, também perdem os demônios toda a força sobre as almas que, lembradas do nome de Maria, a invocam com frequência e principalmente procuram imitá-la.

Santo Afonso Maria de Ligório

25 de maio - María, nome santo

O augusto nome de Maria, dado à Mãe de Deus, não foi coisa terrena, nem inventada pela mente humana ou escolhido por decisão humana, como acontece com todos os outros nomes que são impostos. Este nome foi escolhido pelo Céu, e lhe foi imposto por divina disposição, como o atestam São Jerônimo, Santo 
Epifânio, Santo Antonino e outros.
 “Do Tesouro da divindade – diz Ricardo de São Lourenço – saiu o nome de Maria”. Dele saiu teu excelso nome, porque as três divinas pessoas, continua ele, te deram esse nome, superior a qualquer nome, à exceção do nome de teu Filho, e o enriqueceram com tão grande poder e majestade que, ao ser pronunciado teu nome, querem que, para reverenciá-lo, todos dobrem o joelho, no céu, na terra e no inferno. Mas, entre outras prerrogativas que o Senhor concedeu ao nome de Maria, vemos quão doce o tem feito para os servos desta Santíssima Senhora, tanto durante a vida como na hora da morte.

Santo Afonso Maria de Ligório

segunda-feira, 23 de maio de 2016

24 de maio - Maria Ajuda pronta e alegremente

    Pois seu nome Significa "aquela que vê e se apressa". Vendo Maria nossas misérias , se apressa a fim de nos socorrer com a sua misericórdia. Novarino acrescenta que nela desconhece demoras o desejo de fazer-nos o bem; e porque não é avara guardadora de suas graças, não tarda, como Mãe de misericórdia, em derramar sobre os seus servos o tesouros de sua benignidade.
    Oh! como é pronta esta boa Mãe para valer a quem a invoca! Explicando a passagem dos cânticos (4,5), diz Ricardo de S.Lourenço que Maria é tão veloz em exercer misericórdia para com quem lha pede, como são velozes em suas corridas os cabritos. O mesmo autor assevera-nos que a compaixão de Maria se derrama sobre quem a pede, ainda que não medeiem outras mais que de uma breve Ave-Maria. Pelo que atesta Novarino que a Santíssima Virgem não só corre, mas voa em auxílio de quantos a invocam. No exercício de sua Misericórdia, ela imita a Deus, que também voa sem demora em socorro dos que o chamam, poque é fidelíssimo no cumprimento da promessa: Pedi e recebereis (Jo 16,24) Assim afirma Novarino. Do mesmo modo procede Maria. Quando é invocada, logo está pronta para ajudar a quem a chamou em seu auxílio.
    E com isso ficamos entendendo quem seja aquela mulher do Apocalipse (12,14), a quem se deram duas grandes asas de águia para voar ao deserto. Nelas vê Ribeira o amor com que Maria se elva sempre para Deus. Mas o Beato Amadeu diz que estas asas de águia Significam a presteza com que Maria, vencendo a velocidade dos serafins, socorre sempre os seus filhos.]
    A isto corresponde também o que lemos no Evangelho de S.Lucas. Quando Maria foi visitar S.Isabel e cumular de graças aquela família inteira, não fez a viagem com vagar, mas sim com presteza: E naqueles dias, levantando-se, Maria foi com presteza às Montanhas (Lc 1,39).
    De seu regresso não lemos a mesma observação. Diz, por isso o Cântico dos Cânticos: As suas mãos são de ouro, feitas ao torno (5,14).
    É a seguinte a explicação dada a esta passagem por Ricardo de S.Lourenço: Assim como o trabalho do torno é mais fácil e pronto que os demais, também Maria é mais pronta que todos os santos em ajudar os seus devotos. Vivíssimo é o seu desejo de consolar-nos. Por isso apenas por ela chamamos, logo afável aceita as orações e socorre. Tem razão S.Boaventura ao chamá-la de saúde dos que a invocam, significando que basta invocar esta divina Mãe para ser salvo. Sempre a encontram prestadia para ajudar, quantos a ela se dirigem, reza a sentença de Ricardo de S.Lourenço. Mais deseja essa grande Senhora fazer-nos favores do que nós os desejamos receber, assegura Bernardino de Busti.
    Nem ainda a multidão de nossos pecados deve diminuir nossa confiança, quando nos prostramos aos pes de Maria. Ela é a Mãe de misericórdia, mas a misericórdia não tem razão de ser onde não há misérias para aliviar. Uma boa Mãe não hesita em tratar de um filho coberto de chagas repugnantes, ainda que lhe custe abnegações e trabalhos, observa Ricardo de S.Lourenço. Da mesma forma, também não sabe nossa boa mãe abandonar-nos, quando por ela chamamos , por mais horripilantes que sejam os pecados de que nos precisa curar. E justamente isso quis Maria significar quando fez cer a S.Gertrudes, estendendo seu manto para cobrir com ele todos os que a ela recorriam. Ao mesmo tempo entendeu a santa quer todos os anjos têm cuidado de defender os devotos de Maria contra os Assaltos do inferno.
    É tal a compaixão desta boa Mãe, e tanto amor que nos consagra que nem espera por nossas orações. "Ela se antecipa aos que a desejam"(Sb 6,14) S.Anselmo , ao aplicar estas palavras a Maria diz: A Virgem se antecipa com seu auxílio aos desejosos de sua proteção. Devemos pois , saber que ela nos alcança de Deus muitas Graças, mesmo antes de lha pedirmos. Por isso, segundo Ricardo de S.Vítor, dela se diz que é como a lua (Ct 6,9) Como esta é veloz na sua carreira, assim também Maria o é na prontidão com que atende a seus devotos. Tanto se interessa por nosso bem, que se antecipa até as nossas súplicas. Sua misericórdia é mais pronta em nos socorrer, do que nós somos pressurosos em invocá-la. A causa disto está no seu mui compassivo coração, observa Ricardo. Apenas sabe da nossa miséria, logo deixa correr o leite de sua misericórdia. É impossível a tão benigna Rainha ver a necessidade de uma alma, sem ir incontinenti em seu auxílio.
    Esta grande compaixão de Maria para com nossas misérias a leva e nos socorrer e consolar, mesmo quando a não invocamos. É o que nos mostrou durante sua vida, nas bodas de Caná (Jo 2,3). A seus compassivos olhos não escapou o embaraço dos esposos que, aflitos e vexados, perceberam a falta do vinho á mesa dos convidados. Sem ser rogada, movida somente por seu piedoso coração incapaz de assistir indiferente à aflição de outros, pediu Maria a seu Filho que consolasse a Família. Fê-lo, expondo-lhe com singeleza a necessidade em que ela estava, dizendo: Eles não tem mais vinho. Então o Senhor, para valer àquela família e mais ainda para contentar o compassivo coração de sua Mãe que o desejava, operou o célebre milagre de mudar em vinho a água das talhas. Isto comentando, Conclui Novarino: Se Maria é tão pronta em ajudar, mesmo sem ser rogada, quanto mais o será para consolar que a invoca e chama em seu auxílio.

Santo Afonso Maria de Ligório

domingo, 22 de maio de 2016

23 de maio- Maria ajuda em muitos apuros da vida

    Como pobres filhos da infortunada Eva, somos réus da mesma culpa e condenados à mesma pena. Andamos errando por este vale de lágrimas, exilados de nossa pátria, chorando por tantas dores que nos afligem no corpo e na alma. Feliz, porém, aquele que por entre tais misérias se dirige muitas vezes à consoladora do mundo, ao refúgio dos pecadores, à Grande Mãe de Deus. Feliz quem a invoca e implora com devoção! Bem- aventurado o homem que me ouve e que vela todos os dias à entrada de minha casa (Pr 8,34) Bem-aventurado, diz Maria, quem ouve meus conselhos e permanece constantemente à porta de minha misericórdia, invocando minha intercessão e meu auxílio.
    A Santa Igreja bem a nós, seus filhos, ensina com quanto zelo e quanta confiança devemos recorrer sem cessar a esta nossa amorosa protetora. Pois é ordem sua que lhe tribute um culto particular. Durante o ano celebra muitas festas em sua honra e prescreve que um dia da semana lhe seja especialmente dedicado. Exige também que, diariamente no Ofício Divino, todos os eclesiásticos e religiosos a invoquem em nome do povo cristão, e que três vezes ao dia os fiéis a saúdem ao toque das Ave- Marias.
    Bastaria por isso, somente ver e ouvir que em todas as calamidades públicas a Santa Igreja sempre quer que se recorra à Divina Mãe com novenas, com orações, com procissões e visitas às suas igrejas e imagens. Isto mesmo quer Maria que façamos. Que sempre a invoquemos, que sempre lhe peçamos, não por necessitar dos nossos obséquios, nem das nossas honras tão inadequadas aos seus merecimentos, mas sim para que, à medida de nossa devoção e da nossa confiança, possa melhor socorrer-nos e consolar-nos. Procura, na frase de S.Boaventura, os que dela se aproximam devota e reverentemente; ama-os, nutre-os, aceita-os por filhos.

Santo Afonso Maria de Ligório

sábado, 21 de maio de 2016

22 de maio - Maria é, as vezes a última esperança

    Lê-se no livro de Rute (2,3) que Booz permitiu a uma mulher por nome de Rute respigar, indo atrás dos segadores. Aqui sugere Conrado de Saxônia: Como Rute achou graça aos olhos de Booz, assim Maria achou graça diante de Deus, para recolher as espigas abandonadas pelos segadores.
    Estes últimos são os operários evangélicos, os missionários, os pregadores, os confessores, que com as suas fadigas continuamente colhem e amealham almas para Deus, almas há, porém, rebeldes e obstinadas que são abandonadas por eles. Só a Maria é dado salvar, por sua poderosa intercessão, essas espigas largadas no campo. Mas quão infelizes são as almas que nem por esta doce Mãe se deixam apanhar! Estas,sim, serão com efeito, perdidas e amaldiçoadas. Pecador algum, tão perdido e tão viciado há no mundo, diz Blósio, que Maria o aborreça e despreze. Não; se lhe vier pedir, socorro, ela sabe e pode reconciliá-lo com seu Filho e alcançar-lhe o perdão.
    É, pois, com razão, ó Minha Rainha, que S.Damasceno vos saúda como esperança dos desamparados. Com razão vos clama S.Lourenço Justiniano esperança dos delinquentes; e o Pseudo-Agostinho, único refúgio dos pecadores; S.Efrém, porto seguro dos náufragos, ajuntando que sois até protetora dos réprobos. Finalmente tem razão S.Boaventura, ao exortar à esperança até os mais desesperados, enquanto cheio de ternura diz amorosamente a sua Mãe Santíssima: Senhora, quem não há de confiar em vós? Vós socorreis até os desesperados. Não duvido- Ajunta- que sempre que a vós recorremos, alcançaremos quanto quisermos. Em vós, pois, espere quem desespera.

Santo Afonso Maria de Ligório

sexta-feira, 20 de maio de 2016

21 de maio - Maria é para os pecadores uma segura esperança

    É Maria comparada ao plátano: Eu cresci como o plátano (Eclo 24,14) A isso bem atentam os pecadores. O plátano oferece ao viandante que em sua sombra pode repousar, livre dos raios de sol. Também Maria, quando vê acesa contra eles a ira da divina justiça, os convida a refugiarem-se à sombra da sua proteção. Lamentava-se o profeta Isaías em seu tempo, dizendo: "Eis aí está que tu te iraste, Senhor, porque nós pecamos...; não há quem se levante e te detenha" (64,5-7). Senhor estais justamente irado contra os pecadores, queria ele dizer; não há quem vos possa aplacar. Assim gemia o profeta, diz Conrado de Saxônia, porque então Maria ainda não era nascida. Mas agora, se Deus está irado contra qualquer pecador e Maria toma a sua conta protegê-lo, ela detém o Filho, para que não o castigue, e salva-o. Ninguém há, continua Conrado de Saxônia, mais apto do que ela para suspender a espada da justiça divina, para que não descarregue o golpe sobre os pecadores. Sobre este mesmo pensamento, diz Ricardo de S.Lourenço que Deus, antes de no mundo existir Maria, se queixava de não haver quem o impedisse de punir os pecadores;mas agora é Maria quem o aplaca.
    Ò pecador - exclama Basílio de Seleucia - , não percas a confiança, mas recorre a Maria em todas as necessidades; chama-a em teu socorro, pois a encontrarás sempre pronta para te valer, porque é a vontade de Deus que ela nos valha em todos os nossos apuros. Tem esta Mãe de Misericórdia mui vivo desejo de salvar os pobres pecadores. Por isso vai pessoalmente em busca deles para os ajudar e sabe como reconciliá-los com Deus, se a ela recorrem.
    Desejava Isaac comer alguma caça e prometeu a Esaú que o abençoaria, se lha trouxesse. Mas Rebeca queria que esta bênção coubesse a Jacó, outro filho seu. Mandou-o por isso buscar dois cabritos e guisou-os a gosto de Isaac (Gn 27,9). Os cabritos são a imagem dos pecadores, e Rebeca, segundo S.Antonio, é figura de Maria. Trazei-me os pecadores, diz a Senhora, aos anjos quero prepará-los, obtendo-lhes contrição e bom propósito, para que se tornem dignos e agradáveis a meu Senhor. Revelou a própria Virgem Santíssima a S.Brígida que não há no mundo pecador tão inimizado com Deus, que se não converta e recupere a divina graça, se a invocar e a ela recorrer. Certo dia a mesma santa ouviu Jesus Cristo dizer a sua mãe que ela estaria pronta para obter a divina graça até mesmo a Lúcifer, caso este se humilhasse e implorasse seu auxílio. Jamais aquele espírito soberbo saberá humilhar-se para impetrar o socorro de Maria. Fora isso, entretanto, possível, dele tivera a Virgem piedade, e o poder de suas preces lhe obtivera perdão e salvação. Mas o que não é possível a respeito do demônio acontece com os pecadores que se dirigem a esta compassiva Mãe.
    Figura foi de Maria a arca de Noé. Pois como nela acharam abrigo todos os animais da terra, igualmente sob o manto de Maria encontram refúgio todos os pecadores, cujos vícios e pecados sensuais os tornam semelhantes aos brutos. Há esta diferença, entretanto, observa Pacciucchelli: na arca entraram os brutos e brutos ficaram. Olobo ficou sendo lobo e o tigre ficou sendo tigre. Mas debaixo do manto de Maria o lobo é mudado em cordeiro e o tigre em pomba. Um dia viu S.Gertrudes a Maria com o manto aberto e debaixo dele muitas feras de diversas espécies: leopardos, ursos, etc. Viu também que a Virgem nao os afugentava, mas antes docemente os recebia e afagava. Entendeu a Santa que eles figuravam os míseros pecadores, acolhidos por Maria com afável amor, quando a ela recorrem.
    Razão sobejava, pois, a Egídio de Schoenau ao dizer à Santíssima Virgem: "Senhora, não detestais a nunhum pecador, por mais asqueroso e abominável que seja. Se lhe implora vossa proteção, nunca deixais de estender-lhe compassiva mão para arrancá-lo do abismo do desespero" Bendito e para sempre louvado seja Deus, que vos fez, ó Maria amabilíssima, tão compassiva e tão benigna até para com os mais miseráveis! Infeliz de quem não vos ama, e que podendo recorrer a vós, em vós não confia! Perde-se quem a Maria não recorre, mas quem jamais se perdeu, depois de implorá-la?


Santo Afonso Maria de Ligório

quinta-feira, 19 de maio de 2016

20 de maio - Maria é realmente a esperança dos pecadores

    Depois que Deus criou a Terra, criou também dois luzeiros. Um maior, isto é , o Sol, para que iluminasse de dia. Outro menor, isto é, a Lua, para que brilhasse à noite (Gn 1,16). O sol, diz o Cardeal Hugo, é a figura de Jesus Cristo, de cuja luz gozam os justos que vivem no dia da divina graça. A lua, é a figura de Maria, por meio da qual são iluminados os pecadores que vivem na noite do pecado. Já que Maria é esta lua propícia aos miseráveis pecadores, se algum miserável, diz Inocêncio III, se acha imerso nesta noite de culpa, que há de fazer? Aquele que perdeu a luz do sol, perdendo a divina Graça, volte-se para a lua, faça oração a Maria; dela receberá luz para conhecer a miséria de seu estado e força para deixá-lo imediatamente. Garante-nos S.Metódio que os rogos de Maria convertem continuamente uma quase inumerável multidão de pecadores.
    Um dos títulos com que a Santa Igreja saúda Maria e que muito anima os pobres pecadores, é aquele da Ladainha: Refúgio dos Pecadores.
    Havia na Judéia, outrora, cidades de refúgio, nas quais os culpados podiam abrigar-se e ficavam a salvo das penas merecidas. Agora já não há tantas cidades de refúgio como antigamente. Só há uma , que é Maria Santíssima, da qual foi dito: Coisas gloriosas se tem dito de tí, ó cidade de Deus (Sl 86,3). Existe aqui uma diferença porém. Nas antigas cidades de refúgio não havia asilo para todos os culpados, nem para toda a sorte de delitos, enquanto que sob o manto de Maria  acham refúgio todos os pecadores e toda a espécie de delito. Basta que se recorra a ela, para se estar a salvo. Sou cidade de refúgio para todos que a mim recorrem, faz S.Damasceno dizer nossa Rainha. Só se exige que a ela se recorra, "Ajuntai-vos e entremos na cidade fortificada e guardemos aí silêncio" (Jr 8,14). Esta cidade fortificada, explica S.Alberto Magno, é a Santíssima Virgem fortificada em graça e glória.
    "Guardemos aí silêncio"- a isso observa a Glossa: Já que nós não temos de pedir ao Senhor, basta que entremos nesta cidade, e nos calemos; porque Maria falará e rogará por nós. Exorta por isso Benedito Fernandes todos os pecadores a refugiarem-se sob o manto de Maria, dizendo: Fugi ó Adão, ó Eva, fugi ó filhos seus que tem ofendido a Deus, fugi e refugiai-vos no ceio desta boa Mãe. Não sabeis que é ela a única cidade de refúgio e a única esperança dos pecadores? Também nos sermões atribuídos a S.Agostinho, Maria é chamada nossa única esperança.
    Da mesma forma exprime-se S. Efrém: Vós sois a única advogada dos pecadores e daqueles que precisam de todo o socorro. Eu vos saúdo como asilo e refúgio no qual ainda podem os pecadores achar salvação e acolhimento. E isto precisamente Davi queria fazer com as palavras: Ele me põe a coberto no escondido do seu tabernáculo (Sl 26,5). E quem é este tabernáculo de Deus, senão Maria, como a chama André de Creta? "Tabernáculo feito por Deus, em que só Deus entrou para cumprir os grandes mistérios da Redenção".
    Diz a este propósito o grande padre da Igreja S.Basílio, que o Senhor nos deu Maria como um hospital público, onde se podem recolher todos os enfermos, que são pobres e desamparados de todos os socorros. Ora, pergunto eu, quais são os que mais direito tem a ser admitidos nos hospitais destinados aos indigentes? Não são porventura os mais pobres e mais enfermos? Portanto, quem se achar mais pobre, isto é, mais despido de merecimentos, e mais oprimido das enfermidades da alma, que são os pecados, pode dizer a Maria: Senhora, vós sois o refúgio dos enfermos pobres; não me desampareis. Pois, sendo eu o mais pobre de todos, tenho mais razão para que me aceiteis. Digamos com S.Tomás de Vilanova: Ò Maria, nós, miseráveis pecadores, não sabemos achar outro refúgio fora de vós. Sois nossa única esperança, a quem confiamos a nossa salvação; perante Jesus Cristo sois nossa única advogada, a quem nos dirigimos.
    Astro precursor do sol é Maria, nas revelações de S.Brígida. Quer isto dizer: Quando em uma alma pecadora desponta a devoção a Maria, é sinal certo que dali a pouco Deus a virá enriquecer com a sua graça. Para avivar nos pecadores a confiança na proteção de Maria, recorre o glorioso S.Boaventura à imagem de im mar atingido pela tempestade. Os pecadores já caíram da nau da divina graça e são carregados, de todos os lados, sobre as ondas, pelos remorsos de consciência e pelo temor da justiça de Deus,sem luz nem guia. Já estão próximos de perder toda a esperança, prestes a desesperar. Eis que neste momento o Senhor lhes mostra Maria, Chamada comumente Estrela do Mar, e brada-lhes: Pobres pecadores, já que estais quase perdidos, não desespereis; volvei os olhos para esta formosa Estrela e confiai ; pois Maria vos livrará desta tempestade e vos conduzirá ao porto da salvação.
    O mesmo diz S.Bernardo: Se não queres ficar submergido das tempestades, olha para a Estrela e chama por Maria para que te socorra. Pois, como Blósio, é ela a única salvação de quem ofendeu  Deus, o único refúgio dos tentados e atribulados. -Esta Mãe de misericórdia é toda benigna , toda suave, nao só para com os justos, mas também para com os pecadores e desamparados. Logo que os vê recorrer a ela, pedindo de coração seu auxílio, prontamente os socorre, acolhe-os e obtem-lhes o perdão de seu Filho. A ninguém desdenha, por mais indigno que seja. A ninguém sonega a sua proteção, a todos consola e, apenas é chamada já está presente. Com sua bondade infinita muitas vezes atrai à sua devoção os afastados de Deus e desperta-os da letargia do pecado. Por este meio diepoem -se receber a graça e tornam-se finalmente dignos da eterna glória. De coração compassivo e tão amável dotou o Senhor esta sua filha predileta, que ninguem pode recear recorrer à sua intercessão. Enfim, conclui o piedoso Blósio, não é possível que se perca quem com diligência e humildade cultiva a devoção para com a divina Mãe.

Santo Afonso Maria de Ligório  

quarta-feira, 18 de maio de 2016

19 de maio - Maria é a esperança de todos

    S.Germano, reconhecendo em Maria a fonte de todo o nosso bem e a libertação de todos os males, assim a invoca: Ò Senhora minha, sois a minha única consolação dada por Deus, vós o guia da minha peregrinação, vós fortaleza de minhas débeis forças; a riqueza das minhas misérias, a liberdade das minhas cadeias, e a esperança da minha salvação. Ouvi as minhas orações, tende compaixão dos meus suspiros, ó minha Rainha, que sois o meu refúgio, minha vida, meu auxílio, minha esperança, minha fortaleza!
    Tem, portanto, razão S.Antonino ao aplicar a Maria estas palavras de Sabedoria (7,11): Juntamente com ela me vieram todos os bens. Já que Maria é a mãe e a dispensadora de todos os bens, diz ele, bem se pode afirmar que todos os homens, especialmente os que vivem no mundo como devotos desta Soberana, juntamente com a devoção de Maria adquiriram todos os bens. Por isso, sem mais restrições, dizia o abade de Celes: quem ama Maria acha todo o bem, acha todas as graças e todas as virtudes. porque ela por sua intercessão lhe alcança tudo quanto lhe é necessário para enriquecê-lo com a divina graça. - Ela própria nos faz cientes de ter consigo todas as opulências de Deus, isto é, as divinas misericórdias, para dispensá-los aos que a amam "Comigo estão as riquezas ...a magnífica opulência...para enriquecer os que me amam" (Pr 8,18,21) . Exorta-nos por isso Conrado de Saxônia a que não retiremos os olhos das mãos de Maria, a fim de, por seu intermédio, recebermos os bens que almejamos.
    Oh! quantos soberbos, com a devoção de Maria, acharam a humildade: quantos coléricos, a mansidão; quantos cegos, a luz; quantos desesperados, a confiança; quantos transviados, a salvação! E isto mesmo o profetizou ela, quando proferiu em casa de Isabel aquele seu sublime cântico: Eis que desde agora todas as gerações me chamarão de bem-aventurada (Lc 1,48). Sim, ó Maria, todas as gerações chamar-vos-ão de bem- aventurada - comenta S.Bernardo- porque a todas tendes dado a vida e a glória; pois em vós acham perdão os pecadores e perseverança os justos. O piedoso Landspérgio imagina o Senhor falando assim ao mundo: "Homens, pobres filhos de Adão, que vives no meio de tantos inimigos e de tantas misérias, procurai honrar com especial afeto a minha e vossa Mãe; pois eu dei Maria ao mundo para vosso exemplo, para que dela aprendais a viver como é devido. Dei-a como vosso refúgio para que a ela recorrais em vossas aflições. Esta minha filha eu a fiz tal, que ninguém a pudesse temer, nem ter repugnância de recorrer a ela. Exatamente por isso a formei tão benigna e compassiva, que nem sabe desprezar os que a invocam, nem sonegar seus favores a quem a suplica. A todos abre o manto de sua misericórdia e não despede alma nenhuma desconsolada".
    Louvada seja pois, e bendita a imensa bondade de nosso Deus, que nos concedeu esta excelsa Mãe e advogada tão terna e amorosa!
    Como são ternos os sentimentos de confiança de um S.Boaventura, tão abrasado de amor para com nosso redentor e nossa amantíssima advogada, Maria! Ainda que o Senhor tenha-me reprovado quanto quiser, exclama o Santo, eu sei que ele não pode negar-se a quem ama e a quem de todo coração o busca. Eu o abraçarei com o meu amor e sem me abençoar não o deixarei; sem me levar consigo, ele não poderá ausentar-se .
    Se mais não puder, ao menos esconder-me-ei dentro das suas chagas, onde ficarei para que me não possa encontrar fora de si. Finalmente, se o meu Redentor, por causa das minhas culpas, me lançar fora dos seus pés, eu me prostrarei aos pés de Maria, sua Mãe, e deles não me afastarei enquanto ela não me alcançar o perdão. Por ser Mãe de Misericórdia, nem recusa nem jamais recusou compadecer-se de nossas Misérias, e socorrer os infelizes que imploram o auxilio. E assim, se não por obrigação, ao menos por compaixão, não deixará de induzir o filho a perdoar-me.
    Olhai, pois, para nós, concluamos com Eutímio, olhai para nós finalmente com vossos olhos piedosos, ó Mãe nossa misericordiosíssima! Pois somos servos vossos e em vós temos colocado toda a nossa esperança!

Santo Afonso Maria de Ligório