domingo, 15 de novembro de 2015

São José na Vida da Igreja


Se São José teve um relacionamento pessoal e direto com Cristo e com sua missão redentora, é evidente que também este deve estender-se para a Igreja que é o prolongamento de Cristo no mundo. Justamente por isso os bispos e superiores de várias ordens religiosas pediram além de um culto especial na liturgia, que também “o Santo ecumênico Sínodo Vaticano I decretasse que São José, ao qual Deus tinha confiado a guarda da Sagrada Família, fosse declarado Primeiro Patrono da Igreja depois da Virgem Santíssima” (Ci prien Macabiau – De cultu S. Josephi, Sponsi Virginis Mariae ac Christi Parentis amplificando Postulatum, Paris 1908 pg 3-15).
Na verdade este Concílio, devido às situações políticas, terminou abruptamente e não houve tempo para tratar deste pedido que fora firmado por 38 dos 42 cardeais presentes no Concílio, entre os quais, aquele que depois foi o papa Leão XIII e por 217 bispos. Mas aos 8 de dezembro de 1870 o Papa Pio IX com o Decreto Quemadmodum Deus proclamou São José como Patrono da Igreja Universal Católica.

Neste Decreto o Papa lembra a eleição de São José como guarda dos tesouros mais preciosos de Deus, Jesus e Maria, e que ele como pai abraçou e beijou com afeto paterno, e nutriu com especialíssima solicitude a Jesus e que por tal sublime dignidade que Deus concedeu-lhe, a Igreja lhe rende honras somente inferiores a Maria. Lembra que muitos prelados e fiéis tinham pedido de que fosse declarado Patrono da Igreja durante o Concílio Vaticano I e o papa quis atender o desejo dos solicitantes declarando-o solenemente Patrono da Igreja Católica (ASS 6 [1870] 193-194).
Alguns anos depois, Leão XIII, aquele que no Concílio Vaticano I tinha assinado a petição para a declaração do patrocínio de São José na Igreja, publicou a Encíclica Quamquam Pluries, em 15 de agosto de 1889. Nela ele diz:
“São José é com título próprio, Patrono da Igreja, a qual dele espera muitíssimo a defesa e o patrocínio, porque ele foi o esposo de Maria e pai, como era tido, de Jesus Cristo. Disso lhe advém dignidade e graça, santidadee glória... A casa divina, a qual São José preside com pátria potestade, contém o germe da incipiente Igreja. A Virgem Santíssima enquanto mãe de Cristo, é também mãe de todos os cristãos, porque os gerou sobre o Calvário entre as dores do Redentor; e Jesus é irmão como o primogênito de todos os cristãos, por adoção e redenção. Em tudo isso devemos ver a causa pela qual, com título singular, ao beatíssimo Patriarca é confiada a multidão da qual é composta a Igreja, o que quer dizer, esta família inumerável e presente em todo o mundo, sobre a qual, por ser ele esposo de Maria e pai de Cristo, exercita uma autoridade em certo sentido paterna. É portanto justo e muito conveniente para a dignidade de São José que como em tempos passados considerou sua função de defender santamente a família de Nazaré em todas as suas necessidades, que agora proteja a Igreja de Cristo com seu celeste patrocínio”. (ASS 22 [1889] 67).
Fundamentando-se nos documentos pontifícios é evidente que a maior razão para o Patrocínio de São José é devido ao fato de que ele foi o pai e Jesus aqui na terra e portanto é também o pai da Igreja, seu Patrono e Protetor, porque a Igreja é o corpo de Cristo, inseparável dele. Portanto, Leão XIII ao colocar o seu pontificado ao patrocínio de São José, não teve intenção simplesmente de dar-lhe uma honra, mas fazer um reconhecimento por aquilo que ele é.
São José não é simplesmente Patrono da Igreja, mas também de cada fiel; de fato, o papa no seu Decreto ensina que a sua proteção é para todos os fiéis. Isto ele exprimiu muito bem de outra forma na oração que compôs para que fosse rezada no mês de outubro depois da reza do terço, com estas palavras: “Protegei cada um de nós com vosso constante patrocínio, a fim de que ao vosso exemplo e sustentados pelo vosso auxílio possamos viver virtuosamente, morrer piedosamente e obter no céu a eterna bem-aventurança” (ASS 22 [1889] 117-118).
Em decorrência disso, assim como chamamos Maria “Nossa mãe Celeste”, devemos também chamar São José “nosso pai”, como fazia Santa Tereza de Jesus que o chamava: “Meu pai e senhor São José”.
Em vista disso, o Papa Pio XI numa mensagem aos casais aos 19 de março de 1938, intercede a São José para que “com a sua paterna providência e com a sua intercessão onipotente, seja de ajuda a vós e às vossas famílias”. Um exemplo de confiança no poder de intercessão de São José é-nos dado por Santa Tereza de Jesus quando afirma: “Parece que o Senhor tenha dado aos outros santos a graça de socorrer-nos em qualquer necessidade particular, mas o glorioso São José, sei por experiência que nos socorre em todas...”
A liturgia reconhece de modo claro a função de protetor que São José exercitou na história da salvação, "a cuja primorosa custódia Deus quis confiar os inícios de nossa redenção", e considera tal proteção em relação a Cristo, pois "o colocou como chefe de tua família para guardar como pai o que o único filho", e também em relação à igreja, sobre a qual é invocado o seu patrocínio e: “continueis do céu a sua primorosa custódia para a Santa igreja que o venera como protetor" (Missal Romano).
Os ensinamentos dos Sumos Pontífices a este respeito se fundamentam em suas próprias convicções em recomendarem para toda a Igreja o Patrocínio de São José. Basta lembrar que o papa Pio IX proclamou São José Patrono da Igreja Universal, mas antes disso, no ano seguinte à sua eleição ao pontificado, ou seja, no dia 10 de setembro de 1847, através do decreto Urbis et Orbis, tinha estendido a festa do Patrocínio para toda a igreja, tornando-a festa de preceito.
O Patrocínio de São José sobre a Igreja universal foi proclamado aos 8 de dezembro de 1870 pelo mesmo pontífice por meio da Sagrada Congregação dos Ritos com o Decreto “Quemadmodum Deus”. Trata-se de um Decreto que no dizer do papa João XXIII, “abriu um veio de riquíssimas e preciosas inspirações aos sucessores do nosso Pio”.
O Decreto e evidencia a dignidade única de São José "constituído por Deus Senhor e Príncipe de sua casa e de sua possessão e escolhido como guarda dos divinos tesouros ". Sendo que São José é o segundo em dignidade depois da Virgem, e sendo honrado por Deus de modo excepcional, era lógico que a Igreja recorresse a ele em suas dificuldades, entre os erros no campo filosófico, religioso, moral e social, que andavam concomitantemente com as turbulências políticas condenadas depois de alguns anos com o a Encíclica "Quanta cura" e depois na célebre lista das 80 proposições errôneas, denominada " Syllabus" de 1864.
A conflitiva situação daquele tempo persuadiu o papa Pio IX a "colocar a si próprio e a todos os fiéis sob o potentíssimo patrocínio do Santo patriarca José", pedindo de fazê-lo aos bispos do mundo católico em seus nomes e também em nome do "Sagrado Ecumênico Concílio Vaticano".
Aos 15 de agosto de 1889, Leão XIII publicou a Encíclica “Quamquam Pluries”, também esta levada pelas circunstâncias difíceis que estava atravessando a igreja durante o seu pontificado. A exortação Apostólica de S. João Paulo II, que estamos tratando, justamente lembra o centenário desta Encíclica leonina. Mereceria também neste contexto lembrar o Motu Proprio "Bonum Sane" de Benedito XV lançado aos 25 de julho de 1920 por ocasião do 50º aniversário da proclamação do Patrocínio de São José assim como as freqüentes intervenções de Pio XI e depois de Pio XII que repropuseram São José como Patrono e modelo dos operários (11 de março 1945), assim como do papa Paulo VI.
Devemos lembrar também o quanto S. João XXIII, que quis São José Patrono do Concílio Vaticano II, via a necessidade da proteção do Santo Patriarca; ele dizia "a este amigo solícito, que cuidou de Jesus nos dias de sua vida mortal e protege do céu o Corpo místico – Christi defensor sedule, familiarum columem, protector Sanctae Ecclesiae, como o invocamos nas suas ladainhas. Nós entregamos com confiante oração as solicitudes presentes e futuras do governo da igreja".
O papa S. João Paulo II acrescenta a estas considerações que nós ainda hoje temos motivos suficientes para recomendar a São José cada homem. Afirma ainda que o seu patrocínio "é necessário ainda para a igreja nãosomente para a defesa contra os perigos, mas também e sobretudo para confortá-la no seu renovado empenho de evangelização no mundo e de reevangelização naquelas nações, onde a religião e a vida cristã são colocadas a duras provas".

Alisson Oliveira . Cm

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