quarta-feira, 11 de maio de 2016

11 de maio - Efeitos do amor de Maria para com os pecadores

    Suponhamos que uma mãe soubesse que dois filhos seus eram inimigos mortais, intentando um tirar a vida do outro. Em tal conjuntura não seria dever de uma boa mãe procurar encarecidamente como pacificá-los? Assim pergunta Conrado de Saxônia. Ora, Maria é mãe de Jesus e Mãe dos Homens, aflige-se quando vê um pecador inimizado com Jesus e tudo faz por reconciliá-lo com seu divino filho.
    Do pecador só exige a benigníssima Rainha que se recomende a ela e tenha o propósito de emendar-se. Em vendo a seus pés a implorar-lhe perdão, não olha o peso de seus pecados, mas a intenção com que se apresenta. Se esta é boa, mesmo que o pobre haja cometido todos os pecados do mundo, abraça-o e como terna Mãe não desdenha curar-lhe as chagas que na alma traz. Pois é Mãe de Misericórdia, não só de nome, senão de fato, e em verdade tal se mostra pela ternura e pelo amor com que nos socorre. A própria Virgem Santíssima assim como revelou a S.Brígida; "Por mais culpado que seja um homem, disse-lhe, se vem a mim com sincero arrependimento, estou sempre pronta a acolhê-lo. Não considero a enormidade de suas faltas, mas tão somente as disposições do seu coração. Não recuso ungir e curar as suas feridas, porque me chamo realmente de Mãe de Misericórdia".
    É Maria a Mãe dos pecadores que se querem converter, como tal não pode deixar de compadecer-se deles. Parece até que sente como proprios os males de seus pobres filhos. A cananeia, ao pedir que o Senhor lhe livrasse a filha do demônio que a atormentava, disse-lhe: Senhor, filho de Davi, tem compaixão de mim; minha filha está  muito atormentada do demônio (Mt 15,22). Mas se a filha, e não a mãe, era atormentada do demônio, parece que havia de dizer: Senhor, tende piedade de minha filha!Mas não; ela disse: tem compaixão de mim e com muita razão. Pois sentem as mães como próprios os sofrimentos dos filhos. Ora, do mesmo modo, disse Ricardo de S.Lourenço, pede Maria a Deus, quando intercede por qualquer pecador que a ela recorre. Pede-lhe que dela se compadeça. Meu Senhor - parece dizer-lhe - esta pobre alma, que está em pecado, é minha alma; por isso compadecei-vos não tanto dela, como de mim, que sou sua mãe.
    Oh! prouvesse Deus que todos os pecadores recorressem a esta doce Mãe, porque todos certamente receberiam do Senhor o perdão! - Ó Maria, exclama admirado Conrado de Saxônia, tu acolhes maternalmente o pecador desprezado por todo mundo, nem abandonas antes que hajas reconciliado com o juiz. Quer ele dizer: Enquanto o pecador perseverar no seu pecado, é aborrecido e desprezado de todos; até as criaturas insensíveis, o fogo, o ar, a terra, quereriam castiga-lo em desafronta à honra do seu Criador ultrajado. Porém, se este pecador miserável recorrer a Maria, expulsa-o Maria? Não; se vem com intenção de que o ajude a fim de emendar-se, ela acolhe com maternal afeto. Não o deixa, sem primeiro, com a sua poderosa intercessão, reconciliá-lo com Deus e reconduzir à Graça.
    No segundo livro dos Reis (15,5) lemos o que se deu com a sabia mulher de Técua. Disse ela a Davi: "Senhor, tinha tua serva dois filhos;para minha desventura um matou o outro;e assim perdi um filho. Quer agora a justiça tirar-me o outro, que é o único que fica. Tem compaixão desta pobre mãe e não permitas que eu perca ambos os filhos". Então Davi, compadecendo-se da mãe, libertou o delinquente e lho entregou.- O mesmo parece que diz Maria quando vê Deus irado com algum pecador que a ela recorre. " Meu Deus, lhe diz, eu tinha dois filhos, Jesus e o homem; o homem matou na cruz o meu Jesus; agora a vossa justiça quer condenar o homem. Senhor, já morreu o meu Jesus; tende compaixão de mim. Se eu perdi um, não me façais perder também o outro filho". Certamente Deus não condena os pecadores que recorrem a Maria e por quem ela intercede. Pois o próprio Deus recomendou os pecadores por filhos de Maria. O devoto Landspergio põe as seguintes palavras nos lábios o Senhor: " Eu recomendei a Maria de aceitar por filhos os pecadores. Por isso ela é toda desvelos para que, no desempenho de sua missão, não lhe aconteça perder a nenhum dos que lhe foram entregues, principalmente quando a invocam. E assim esforça-se o quanto pode em conduzir todos elas a mim". Quem pode explicar interroga Blósio, a bondade e misericórdia, a fidelidade e  a caridade com que esta nossa Mãe procura salvar-nos, quando lhe pedimos que nos ajude? Prostremo-nos pois, diz S.Bernardo, diante desta boa mãe; abracemo-nos a seua sagrados pés e não a deixemos sem nos abençoar e sem nos receber por filhos seus. Nela esperarei exclama S.Boaventura, ainda que me dê a morte; e cheio de confiança desejo morrer perante uma de suas imagens, e salvo estarei. Portanto, assim devem dizer todos os pecadores, que por minhas culpas mereço ser repelido, e castigado por vós na proporção delas. Mas ainda que me rejeiteis e me tireis a vida, não perderei nunca a confiança, e se tiver a felicidade de morrer na presença de qualquer imagem vossa, recomendando-me à vossa misericórdia, espero certamente que não me hei de perder, mas hei de louvar-vos no céu em companhia de tantos que vos serviram e morreram invocando vossa poderosa intercessão.

Santo Afonso Maria de Ligório

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