sábado, 28 de maio de 2016

28 de maio- É muito salutar a intercessão dos santos

    É a invocação dos santos, particularmente a de Maria, Rainha de todos os Santos, uma prática não só lícita senão útil e santa. Pois procuramos por meio dela obter a graça divina. Esta verdade é de fé, estabelecida pelos Concílios contra os hereges que a condenam como injúria feita a Jesus Cristo, nosso único medianeiro. Mas, se depois da morte, um Jeremias reza por Jerusalém, se os anciãos do Apocalipse apresentam a Deus as orações dos santos; se um S.Paulo promete a seus discípulos lembrar-se deles depois da morte, se S.Estevão intercede por seus perseguidores e um S.Paulo por seus companheiros; se, em suma, podem os santos rogar por nós, por que não poderíamos nós por nossa vez, rogar-lhes que intercedam por nós? Às orações de seus discípulos recomenda-se S.Paulo: "Irmãos, rezai por nós (1Ts 5,25) S.Tiago exorta-nos "que roguemos uns pelos outros" (5,16). Podemos, por conseguinte, fazer o mesmo.
    Que seja Jesus Cristo único Mediador de justiça a reconciliar-nos com Deus, pelos seus merecimentos, quem o nega? Não obstante isso, compraz-se Deus em conceder-nos suas graças pela intercessão dos santos e especialmente de Maria, sua Mãe, a quem tanto deseja Jesus ver amada e honrada.
    Seria impiedade negar semelhante verdade. Quem ignora que a h
onra prestada às Mães redunda em glória para os filhos? Os pais são as glórias dos filhos, lemos nos provérbios (17,6). Quem muito enaltece a mãe, não precisa ter receio de obscurecer a glória do Filho. Pois quando se honra a Mãe, tanto mais se louva o Filho, diz S.Bernardo. E observa S.Ildefonso: É tributada ao Filho e ao Rei toda a honra que se presta à Mãe e à Rainha. Ao mesmo tempo está fora de dúvida que pelos merecimentos de Jesus Cristo foi concedida a Maria a grande autoridade de ser medianeira de nossa salvação, não de justiça, mas de graça e de intercessão, como bem lhe chamou Conrado de Saxônia com o título de "fidelíssima medianeira de nossa salvação", E S.Lourenço Justiniano pergunta: Como não ser toda cheia de graça, aquela que se tornou a escada do paraíso, a porta do céu e a verdadeira medianeira entre Deus e os Homens?
     Portanto, adverte Suarez ? Quando suplicamos á Santíssima Virgem nos obtenha as graças, não é que desconfiamos da misericórdia divina, mas é muito antes porque desconfiamos da nossa própria indignidade. Recomendamo-nos, por isso, a Maria, para que supra com sua dignidade a nossa miséria.

Santo Afonso Maria de Ligório

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