Lê-se no livro de Rute (2,3) que Booz permitiu a uma mulher por nome de Rute respigar, indo atrás dos segadores. Aqui sugere Conrado de Saxônia: Como Rute achou graça aos olhos de Booz, assim Maria achou graça diante de Deus, para recolher as espigas abandonadas pelos segadores.
Estes últimos são os operários evangélicos, os missionários, os pregadores, os confessores, que com as suas fadigas continuamente colhem e amealham almas para Deus, almas há, porém, rebeldes e obstinadas que são abandonadas por eles. Só a Maria é dado salvar, por sua poderosa intercessão, essas espigas largadas no campo. Mas quão infelizes são as almas que nem por esta doce Mãe se deixam apanhar! Estas,sim, serão com efeito, perdidas e amaldiçoadas. Pecador algum, tão perdido e tão viciado há no mundo, diz Blósio, que Maria o aborreça e despreze. Não; se lhe vier pedir, socorro, ela sabe e pode reconciliá-lo com seu Filho e alcançar-lhe o perdão.
É, pois, com razão, ó Minha Rainha, que S.Damasceno vos saúda como esperança dos desamparados. Com razão vos clama S.Lourenço Justiniano esperança dos delinquentes; e o Pseudo-Agostinho, único refúgio dos pecadores; S.Efrém, porto seguro dos náufragos, ajuntando que sois até protetora dos réprobos. Finalmente tem razão S.Boaventura, ao exortar à esperança até os mais desesperados, enquanto cheio de ternura diz amorosamente a sua Mãe Santíssima: Senhora, quem não há de confiar em vós? Vós socorreis até os desesperados. Não duvido- Ajunta- que sempre que a vós recorremos, alcançaremos quanto quisermos. Em vós, pois, espere quem desespera.
Santo Afonso Maria de Ligório
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